Inicio com uma breve explicação da
diferença de administração familiar x administração profissional:
Administração familiar é aquela em
que a condução do empreendimento fica nas mãos da família do fundador,
independente do conhecimento ou habilidade para a atividade. Todos os postos
importantes da empresa são ocupados pela família para assegurar a manutenção do
poder.
Na administração profissional a
condução do negócio fica a cargo de um profissional da área de administração
com experiência e conhecimento técnico para gerir.
Como já postei outros textos neste
blog falando sobre um determinado hotel administrado por uma família sem competência
hoteleira.
Lembram-se do “ Hotel Família”? Pois é
esse mesmo! Esta semana recebi a noticia que a proprietária vendeu
o hotel para uma rede hoteleira. Qual o motivo? Ah, nem precisa
explicar... mas como noticia ruim se
espalha rápido, soube que o hotel estava
pra fechar suas portas, sem clientela, sem gerencia, sem qualidade, sem
funcionários, péssimo atendimento, péssimo
serviço, péssimo café da manhã, péssima limpeza, péssima arrumação dos apartamentos,
péssimo em tudo!
Para os que ainda não leram
meu texto “ Hotel família”, vou explicar um pouquinho sobre esse hotel: Um senhora que tem um hotelzinho de
beira de estrada, se viu diante de uma grande demanda na cidade, observou ela
que hotel é um excelente negócio, e como seu hotelzinho estava sempre lotado, então se
atreveu a construir o maior hotel da
cidade, fez financiamento pelo banco, contratou arquiteto, engenheiro e
dois anos depois lá estava o Hotel Família todo pronto, pronto no conceito dessa senhora, não no conceito hoteleiro. Mal
sabendo ela que a parte mais fácil havia terminado, agora entraria a parte mais
difícil, a administração hoteleira.
Pois bem, essa senhora em razão da
sua teimosia e arrogância acreditava que da mesma forma que cuida do seu
hotelzinho, também cuidaria desse hotel, só que esquecera de um detalhe, a contratação de um Gerente
Geral hoteleiro, mas como esse profissional é caro no mercado, ela preferiu colocar seus filhos, seu genro, seu neto, seu empregado de confiança da família para administrarem
o tão aclamado hotel. Meses depois os
problemas apareciam como pragas, reclamação de clientes, serviços deficientes,
enxovais de péssima qualidade e outras coisitas mais. Não deu outra, os
clientes sumiram! Desesperada, com as
contas pra pagar resolveu baixar as tarifas e comparar as do concorrente. Mesmo
assim, os problemas continuaram. Mas não foi por falta de aviso e conselhos;
fornecedores sempre a alertava para contratar um profissional hoteleiro, pois ela
não conseguiria continuar com aquela administração de meia boca.
Do resto você já pode imaginar o
que ocorreu, claro foi obrigada a vender o hotel para uma rede
hoteleira.
Resumi alguns
pontos importantes, ou seja os
erros que foram cometidos por esta senhora:
1) Falta de Qualificação Profissional:
Especialmente por tratar o
recrutamento com características paternalistas, se constituem num cabide de
empregos para parentes e amigos dos proprietários. Isso seria uma conduta
correta se essas pessoas tivessem a competência necessária para desempenhar o
cargo na empresa. O que dificilmente acontece e pode conduzir a empresa para um
lento processo de profissionalização. Profissionalizar não significa apenas
trazer pessoas de fora da organização, mas buscar atitudes positivas do membros
da família que possam assegurar a competitividade da empresa no mercado.
2) Centralização do Poder:
A concentração das decisões da
empresa em uma ou duas pessoas emperra a prosperidade de qualquer negócio! O
processo decisório funciona dessa maneira muitas vezes nas empresas familiares,
porque quem possui o conhecimento do negócio é o fundador. É preciso delegar
atividades e descentralizar o poder para uma maior eficácia organizacional.
3) Misturar Dinheiro Pessoal e Corporativo:
Muitas vezes os diretores da
empresa utilizam os recursos corporativos para saldar compromissos pessoais e
adquirir ativos para a família. Isso termina comprometendo as finanças da
empresa, promovendo um estrangulamento no fluxo de caixa e diminuindo a
capacidade da empresa de honrar suas obrigações com fornecedores e instituições
financeiras. O dinheiro do caixa da empresa não deve ser misturado com as
despesas pessoais dos proprietarios.
4) Conservadorismo na Gestão:
O conservadorismo é uma questão de
ordem comportamental, pois o medo de ter uma postura mais arrojada leva os seus
dirigentes a muitas vezes bloquear o desenvolvimento do negócio. A medida a ser
adotada é realizar o planejamento de curto, médio e longo prazo com o intuito
de ter um norte estabelecido para a empresa no mercado.
5) Postergar a Sucessão:
É um tema extremamente delicado,
pois representa para alguns que o fundador num curto prazo não estará mais na
empresa! No entanto, a continuidade da organização depende totalmente do
processo sucessório e o período certo para começar a sucessão na empresa é
ontem, ou seja, o mais breve possível até mesmo com a contribuição decisiva do
fundador.
6) Paternalismo Generalizado:
Assim como os outros seis
principais erros na administração das empresas familiares, o paternalismo está
diretamente ligado à cultura conservadora e centralizadora. No entanto, a
tendência é que isto se reduza expressivamente a partir das novas gerações que
são introduzidas na gestão da empresa no processo sucessório. Os mais novos não
querem repetir os erros do passado e isto ocorre na forma de aprendizado do
cotidiano.
7) Tornar Público os Conflitos Pessoais:
A convivência profissional entre
membros da família pode gerar ou ampliar conflitos oriundos da estrutura
pessoal dos sócios! As desavenças que ocorrem na empresa terminam causando
desmotivação por parte dos colaboradores e gerando o descrédito dos gestores.
Os conflitos pessoais dos dirigentes da empresa devem ficar do lado de fora da
organização para manter o ambiente saudável e profissional!
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